Produções Satíricas e Bocageanas de Bernardo de Guimarães - Bernardo Guimarães
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Sinopse
No intuito de perpetuar estes versos de um poeta nosso bem conhecido, os fazemos
publicar pela imprensa, que, sem dúvida pode salvar do naufrágio do esquecimento poesias
tão excelentes em seu gênero, e cuja perpetuidade alguns manuscritos, por aí dispersos e
raros, não podem garantir do tempo.
A lira do poeta mineiro tem todas as cordas; ele a sabe ferir em todos os tons e ritmos
diferentes com mão de mestre.
Estes poemas podem se chamar erótico-cômicos. Quando B.G. escrevia estes versos
inimitáveis, sua musa estava de veia para fazer rir, e é sabido, que para fazer rir são
precisos talentos mais elevados do que para fazer chorar.
Estes versos não são dedicados às moças e aos meninos. Eles podem ser lidos e
apreciados pelas pessoas sérias, que os encarecem pelo lado poético e cômico, sem ofensa
da moralidade e nem tão pouco das consciências pudicas e delicadas.
Repugnam-nos os contos obscenos e imundos, quando não têm o perfume da poesia;
esta, porém, encontrará aceno e acolhimento na classe dos leitores de um gosto delicado e
no juízo destes será um florão de mais juntado à coroa de poeta de que B.G. tem sabido
conquistar à força de seu gênio.
Ouro
Prólogo
DISPARATES RIMADOS
Quando as fadas do ostracismo,
Embrulhadas num lençol,
Cantavam em si bemol
As trovas do paroxismo,
Veio dos fundos do abismo
Um fantasma de alabastro
E arvorou no grande mastro
Quatro panos de toicinho,
Que encontrara no caminho
Da casa do João de Castro.
Nas janelas do destino,
Quatro meninos de rabo
Num só dia deram cabo
Das costelas de um supino.