A Tia Aninha - Artur Azevedo
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Prólogo
Ainda há poucos anos havia, numa das capitais do Norte, uma velhinha pobre, paupérrima que
não mendigava, mas aceitava o agasalho que lhe davam algumas famílias compassivas,
passando um mês aqui, outro ali, quinze dias acolá. Uma bela manhã chegava com sua lata de
folha (tudo quanto possuía) e aboletava-se entre afagos e sorrisos de boa-vinda.
- Seja bem aparecida, tia Aninha! O seu quarto lá está, tem sua cama preparada! Mas desta vez
demore-se mais tempo: você a ninguém incomoda nesta casa, nem aumenta a despesa: fique o
tempo que quiser.
Mas a tia Aninha, quando suspeitava que a sua presença ia se tornando aborrecida, levantava o
vôo e partia, com a sua lata de folha, para alojar-se noutra parte.
Era uma velhinha alegre, mas de uma alegria que nenhum observador experimentado acharia
natural e sincera.
As crianças adoravam-na, porque ela sabia contar-lhes muitas histórias bonitas de fadas e
lobisomens - e aí está um dos motivos por que a tia Aninha, depois de prolongada ausência, era
sempre bem recebida, com a sua lata de folha.