Terpsícore - Machado de Assis
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Sinopse
Mais de cem anos depois de ter sido publicado pelo jornal Gazeta de Notícias, em março de 1886, sai pela Boitempo o conto "Terpsicore" de Machado de Assis, que o revela em uma de suas melhores fases. Prefácio de Davi Arrigucci Jr.
Prólogo
Glória, abrindo os olhos, deu com o marido sentado na cama, olhando para a parede, e
disse-lhe que se deitasse, que dormisse, ou teria de ir para a oficina com sono.
— Que dormir o quê, Glória? Já deram seis horas.
— Jesus! Há muito tempo?
— Deram agora mesmo.
Glória arredou de cima de si a colcha de retalhos, procurou com os pés as chinelas,
calçou-as, e levantou-se da cama; depois, vendo que o marido ali ficava na mesma
posição, com a cabeça entre os joelhos, chegou-se a ele, puxou-o por um braço, dizendolhe
carinhosamente que não se amofinasse, que Deus arranjaria as coisas.
— Tudo há de acabar bem, Porfírio. Você mesmo acredita que o senhorio bote os nossos
trastes no Depósito? Não acredite; eu não acredito. Diz aquilo para ver se a gente arranja
o dinheiro.