A Desejada das Gentes - Machado de Assis
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Prólogo
— Todos os homens devem ter uma lira no coração, — ou não sejam
homens. Que a lira ressoe a toda a hora, nem por qualquer motivo, não o
digo eu, mas de longe em longe, e por algumas reminiscências particulares...
Sabe por que é que lhe pareço poeta, apesar das Ordenações do Reino e dos
cabelos grisalhos? é porque vamos por esta Glória adiante, costeando aqui a
Secretaria de Estrangeiros. . . Lá está o outeiro célebre. . . Adiante há uma
casa..
— Vamos andando.
— Vamos... Divina Quintília! Todas essas caras que aí passam são outras,
mas falam-me daquele tempo, como se fossem as mesmas de outrora; é a lira
que ressoa, e a imaginação faz o resto. Divina Quintília!
— Chamava-se Quintília? Conheci de vista, quando andava na Escola de
Medicina, uma linda moça com esse nome. Diziam que era a mais bela da
cidade.
— Há de ser a mesma, porque tinha essa fama. Magra e alta?
— Isso. Que fim levou?