Almas Agradecidas - Machado de Assis
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Sinopse
No conto Almas agradecidas, Machado de Assis conta uma história de dois amigos que se conheceram no colégio. Certo dia encontram-se novamente, depois de adultos, no ginásio (uma espécie de teatro amador). Um denominado Oliveira e o outro Magalhães. Magalhães perde seu emprego e Oliveira insiste em ajudá-lo, coisa que Magalhães fez bem em aceitar, pois conseguiu um emprego melhor do que aquele que tivera antes.
A cada dia que passa, mais unidos ficam, se confidenciam... até que Oliveira conta-lhe sobre sua paixão: Cecília, filha do comendador Vasconcelos, seu amigo; contou-lhe também da sua timidez, então Magalhães oferece sua ajuda. Não tinha um dia em que Magalhães não visitasse Cecília, esta a certa altura apaixona-se por Magalhães, que insistia em falar bem de Oliveira, mas não adiantava.
Oliveira vai ao encontro de Magalhães, pois ao ler o final da carta teve a leve impressão de que seu amigo iria suicidar-se. Quando encontrou Magalhães, este disse-lhe que não contou toda a história: ele estava amando Cecília também, e por isso resolveu se afastar dela.
Magalhães casou-se com Cecília e continou amigo de Oliveira, contudo, o último nunca foi à casa de seu amigo.
Prólogo
Havia representação no Ginásio. A peça da moda era então a célebre Dama das
camélias. A casa estava cheia. No fim do quarto ato começou a chover um pouco; do
meio do quinto ato em diante, a chuva redobrou de violência.
Quando acabou o espetáculo, cada família entrou no seu carro; as poucas que não
tinham esperavam uma estiada, e, mediante os guarda-chuvas, lá saíram com as saias
arregaçadas.
.............. aos olhos dando,
O que às mãos cobiçosas vão negando.
Os homens abriam os seus guarda-chuvas; outros chamavam tílburis; e pouco a pouco se
foi despejando o saguão, até que só ficaram dois rapazes, um dos quais abotoara até o
pescoço o paletó, e esperava maior estiada para sair, porque além de não ter guardachuva,
não via nenhum tílburi no horizonte.
O outro também abotoara o paletó, mas tinha guarda-chuva; não parecia, entretanto,
disposto a abri-lo. Olhava de esguelha para o primeiro, que fumava tranqüilamente um
charuto.
Já o porteiro havia fechado as duas portas laterais e ia fazer o mesmo à porta central,
quando o rapaz do guarda-chuva dirigiu ao outro estas palavras:
— Para que lado vai?
O interpelado compreendeu que o companheiro lhe ia oferecer abrigo e respondeu, com
palavras de agradecimento, que morava na Glória.
— É muito longe, disse ele, para aceitar o abrigo que naturalmente me quer oferecer. Eu
esperarei aqui um tílburi.