Entre duas Datas - Machado de Assis
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Prólogo
Que duas pessoas se amem e se separem é, na verdade, coisa triste, desde que não há
entre elas nenhum impedimento moral ou social. Mas o destino ou o acaso, ou o
complexo das circunstâncias da vida determina muita vez o contrário. Uma viagem de
negócio ou de recreio, uma convalescença, qualquer coisa basta para cavar um abismo
entre duas pessoas.
Era isto, resumidamente, o que pensava uma noite o bacharel Duarte, à mesa de um
café, tendo vindo do Teatro Ginásio. Tinha visto no teatro uma moça muito parecida com
outra que ele outrora namorara. Há quanto tempo ia isso! Há sete anos, foi em 1855. Ao
ver a moça no camarote, chegou a pensar que era ela, mas advertiu que não podia ser; a
outra tinha dezoito anos, devia estar com vinte e cinco, e esta não representava mais de
dezoito, quando muito, dezenove.