Memorial de Aires - Machado de Assis
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Sinopse
Amargo e sarcástico observador dos costumes e da condição humana, Machado de Assis produziu algumas obras-primas da literatura brasileira. Realista, ele não se preocupava em reproduzir o real. Transformava a realidade em arte. Do espírito exageradamente crítico, tinha uma visão trágica da vida. Memorial de Aires (1908) é um de seus últimos romances. O narrador, Conselheiro Aires, conta o episódio da vida de um casal e a aventura amorosa de outros personagens. O livro foi publicado no final da vida do autor. O romance é leitura recomendada em universidades e cursos de vestibular.
Prólogo
9 de janeiro
Ora bem, faz hoje um ano que voltei definitivamente da Europa. O que me lembrou esta data
foi, estando a beber café, o pregão de um vendedor de vassouras e espanadores: "Vai vassouras! vai
espanadores!" Costumo ouvi-lo outras manhãs, mas desta vez trouxe-me à memória o dia do
desembarque, quando cheguei aposentado à minha terra, ao meu Catete, à minha língua. Era o mesmo
que ouvi há um ano, em 1887, e talvez fosse a mesma boca.
Durante os meus trinta e tantos anos de diplomacia algumas vezes vim ao Brasil, com licença.
O mais do tempo vivi fora, em várias partes, e não foi pouco. Cuidei que não acabaria de me habituar
novamente a esta outra vida de cá. Pois acabei. Certamente ainda me lembram cousas e pessoas de
longe, diversões, paisagens, costumes, mas não morro de saudades por nada. Aqui estou, aqui vivo,
aqui morrerei.
Cinco horas da tarde
Recebi agora um bilhete de mana Rita, que aqui vai colado: