Na Academia Brasileira de Letras - Machado de Assis
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Prólogo
Discurso inaugural
Senhores:
Investindo-me no cargo de presidente, quisestes começar a Academia Brasileira de
Letras pela consagração da idade. Se não sou o mais velho dos nossos colegas, estou entre
os mais velhos. É simbólico da parte de uma instituição que conta viver, confiar da idade
funções que mais de um espírito eminente exerceria melhor. Agora que vos agradeço a
escolha, digo-vos que buscarei na medida do possível corresponder à vossa confiança.
Não é preciso definir esta instituição. Iniciada por um moço, aceita e completada por
moços, a Academia nasce com a alma nova e naturalmente ambiciosa. O vosso desejo é
conservar, no meio da federação política, a unidade literária. Tal obra exige não só a
compreensão pública, mas ainda e principalmente a vossa constância. A Academia Francesa,
pela qual esta se modelou, sobrevive aos acontecimentos de toda a casta, às escolas
literárias e às transformações civis. A vossa há de querer ter as mesmas feições de
estabilidade e progresso. Já o batismo das suas cadeiras com os nomes preclaros e
saudosos da ficção, da lírica, da crítica e da eloqüência nacionais é indicio de que a tradição é
o seu primeiro voto. Cabe-vos fazer com que ele perdure. Passai aos vossos sucessores o
pensamento e a vontade iniciais, para que eles os transmitam também aos seus, e a vossa
obra seja contada entre as sólidas e brilhantes páginas da nossa vida brasileira. Está aberta a
sessão.
20 julho, 1897.