Pobre Finoca - Machado de Assis
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Prólogo
Que é isso? Você parece assustada. Ou é namoro novo?
— Que novo? é o mesmo, Alberta; é o mesmo aborrecido que me persegue; viu-me agora
passar com mamãe, na esquina da Rua da Quitanda, e, em vez de seguir o seu caminho,
veio atrás de nós. Queria ver se ele já passou.
— O melhor é não olhar para a porta; conversa comigo.
Toda a gente, por menos que adivinhe, sabe logo que esta conversação tem por teatro
um armarinho da Rua do Ouvidor. Finoca (o nome é Josefina) entrou agora mesmo com a
velha mãe e foram sentar-se ao balcão, onde esperam agulhas; Alberta, que está ali com
a irmã casada, também aguarda alguma coisa, parece que uma peça de cadarço.
Condição mediana, de ambas as moças. Ambas bonitas. Os empregados trazem caixas,
elas escolhem.
— Mas você não terá animado a perseguição, com os olhos? perguntou Alberta, baixinho.
Finoca respondeu que não. A princípio olhou para ele; curiosa, naturalmente; uma moça
olha sempre uma ou duas vezes, explicava a triste vítima; mas daí em diante, não se
importou com ele. O idiota, porém (é o próprio termo empregado por ela), cuidou que
estava aceito e toca a andar, a passar pela porta, a esperá-la nos pontos dos bondes; até
parece que adivinha quando ela vai ao teatro, porque sempre o acha à porta, ao pé do
bilheteiro.