Quem Boa Cama Faz - Machado de Assis
Download no computador / eBook Reader / Mobile
160 kb
Prólogo
Ao sair do gabinete do pai, o bacharel Luís Fonseca trazia o rosto fechado,
rangia os dentes e dava-se interiormente a todos os diabos de ambos os mundos,
este e o outro. Entrou na alcova e fechou-se por dentro. Alguns minutos passeou de
um lado para outro, gesticulando e murmurando palavras soltas, até que se sentou
numa cadeira de balanço e fumou seguidamente dois charutos. Vieram chamá-lo
para jantar e não quis; mas recebendo um recado intimativo do desembargador, seu
pai, lá se foi arrastando até à mesa, onde pouco mais de nada comeu.
A causa de todo este mistério era nem mais nem menos um casamento.
Logo depois do almoço desse dia, que era um domingo, o desembargador Fonseca
mandou chamar o filho ao seu gabinete, e mal o vira entrar fechou a porta. Luís
franziu a testa, mas esperou.
— Luís, disse o pai depois de alguns instantes: eu e tua mãe assentamos
em fazer-te feliz. Estamos velhos e queremos deixar-te arranjado e tranqüilo.
Resolvemos casar-te.