Um Ambicioso - Machado de Assis
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Prólogo
— Mas Juca, tu estás doente ou que é?
Esta pergunta era feita pelo sr. Mateus, com casa de louças à Rua da Saúde, a um filho
seu, que ele foi encontrar, sentado numa mesa, com os pés sobre um mocho e os olhos
cravados na parede.
Não era a primeira vez que José Cândido, filho do sr. Mateus, apresentava sintomas de
melancolia ou forte preocupação. Havia duas semanas que o pai reparava na mudança
do rapaz; e duas vezes lhe falou nisso; a primeira com ar indiferente, mas afetado; a
segunda com algum interesse. A terceira vez, que foi agora, falou-lhe com a alma nas
palavras, porque o sr. Mateus, viúvo e sem parentes, salvo uma prima, concentrara todo
seu coração em José Cândido, seu filho único.
José Cândido andava já perto dos trinta anos; faltavam-lhe um ou dois meses. Era um
rapaz de feições irregulares e de uma expressão alvar, sobretudo estando quieto. Não era
magro nem gordo, alto nem baixo; mediano em tudo, exceto na inteligência, que era
ínfima. Tinha uma particularidade José Cândido; gostava de gravatas amarelas.