As Doutoras - França Júnior
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Sinopse
As doutoras, um dos maiores sucessos do teatro nacional, foi apresentada em 1889 e é considerada uma das melhores peças de França Júnior. Comédia satírica e ao mesmo tempo política, aborda a emancipação da mulher e seus interesses profissionais. Considerada uma sátira doméstica, onde a pregação "feminista" e "evolucionista" de certas senhoras é irremediavelmente castrada pela circunstância natural de "pertencerem ao sexo frágil", a peça retrata com muito humor a figura dos tipos de França Júnior que estão em sincera busca por uma realização social. São elementos de uma pequena e média burguesia que padecem dos vícios e virtudes próprios de uma classe em crise existencial.
Prólogo
CENA I
MANUEL PRAXEDES, EULÁLIA, MARIA PRAXEDES e DOUTORA PRAXEDES
MANUEL PRAXEDES (Entrando pela porta da direita de calça e colete
pretos, gravata branca, em mangas de camisa e segurando a casaca.) — Eulália!
Eulália!
MARIA (Falando dentro.) — Oh! Eulália?
EULÁLIA (Entrando apressada.) — O que é, meu amo? Esta casa hoje está
impossível, não sei para onde me virar.
MANUEL — Onde meteste a minha escova de roupa? Que horas são? Onde está
a senhora? O carro já veio?
LUÍSA (Falando dentro.) — Eulália!
EULÁLIA — Lá está a outra a chamar-me! Jesus, fico doida!
MANUEL — O que direi eu então? O dia da formatura de minha filha.
MARIA (Dentro.) — Eulália!
MANUEL (Segurando a mão de Eulália que quer sair.) — A Luísa, lembras-te?
Aquela criança que ainda ontem saltava no meu colo em fraldinhas de camisa, com as
bochechas rosadas!