Ubirajara - José de Alencar
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Sinopse
Ubirajara é um livro de romance do escritor brasileiro José de Alencar. Foi publicado em 1874. Caracteriza-se pelo enredo que mostra o "primeiro termo" da tríade indianista de José de Alencar, onde sua personagem principal é um índio brasileiro puro, que ainda não se corrompeu perante à cultura européia.
Jaguarê, jovem caçador araguaia, procura em outras terras um inimigo com quem possa lutar, pois levando um prisioneiro para sua taba ele conseguiria o título de guerreiro. Mas em vez de um guerreiro, ele encontra uma índia tocantim de nome Araci, que era filha do chefe da tribo. Ela diz que em sua nação existem cem guerreiros que vão disputá-la em casamento e Jaguarê é convidado a ser mais um deles. Jaguarê prefere dizer a Araci que ela mande todos eles para combater com ele e assim ela fez.
Logo aparece Pojucã para combater com Jaguarê e é vencido por ele. Jaguarê torna-se então Ubirajara, o senhor da lança. Sendo levado para a taba de Ubirajara, Pojucã tem a oportunidade de ficar com a antiga prometida à Jaguarê, a jovem Jandira. Esta se recusa ficar com Pojucã e foge para a floresta. Ubirajara chega à taba de Araci e, como permite a lei da hospitalidade, não se identifica, adotando o nome de Jurandir, o que veio trazido da luz. Compete com os demais pretendentes de Araci e ganha a mão da jovem tocantim em casamento, mas antes de casa-se é obrigado a identificar-se. Faz-se ali uma situação constrangedora, pois seu prisioneiro é Pojucã, irmão de Araci.
Estava assim declarada a guerra. Pojucã é libertado para que pudesse lutar junto com o seu povo, os tocantins. Quando os araguaias vão atacar, surgem os tapuias, que têm o direito de atacar antes dos araguaias, que têm que esperar. Itaquê, chefe dos tocantins, vence o chefe dos tapuias mas fica cego perdendo assim a liderança de seu povo. Para que possa haver uma sucessão os guerreiros tocantins devem pegar o arco de Itaquê, dobrá-lo e atirar com ele. Nenhum guerreiro tocantim consegue o feito, inclusive Pojucã, filho de Itaquê. Por isso convidam Ubirajara para fazê-lo.Este o faz com tal destreza e habilidade que emociona Itaquê. Ubirajara enfim, une os dois arcos das duas nações, araguaia e tocantim, dando origem à nação Ubirajara.
Prólogo
Ubirajara Senhor da lança, de Ubira — vara, e jara — senhor;
aportuguesando sentido, vem a ser lanceiro. Com este nome existia ao tempo do
descobrimento, nas cabeceiras do rio São Francisco, uma nação de que fala Gabriel
Soares — Roteiro do Brasil, cap. 182.
"A peleja dos Ubirajaras, diz esse escritor, é a mais notável do mundo, como
fica dito, porque a fazem com uns paus tostados muito agudos, de comprimento de
três palmos, pouco mais ou menos cada um, e tão agudos de ambas as pontas, com
os quais atiram a seus contrários como com punhais, e são tão certos com eles que
não erram tiro, com o que tem grande chegada; e desta maneira matam também a
caça que se lhe espera, o tiro não lhe escapa; os quais com estas armas se
defendem de seus contrários tão valorosamente como seus vizinhos com arcos e
flechas, etc."
Desta arma e da destreza com que a manejavam proveio o nome de bilreiros
que lhes deram os sertanistas, significando assim que tangiam suas lanças com a
agilidade e sutileza igual à da rendeira ao trocar os bilros.