Caiu o Ministério! - França Junior
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Sinopse
Em Caiu o ministério encontramos a sátira violenta à crise final do regime monárquico brasileiro, manifesta, por exemplo, na formação de dez governos parlamentares no curto período compreendido entre 1880 e 1889 ou, ainda, no controle do poder legislativo pelos grupos mais fortes da aristocracia imperial, incapazes, muitas vezes, de expressar os interesses da maioria da nação. A peça mostra de mostra desconcertante, às vezes ridícula e trágica, onde fotografa com primor e graça a realidade der uma sociedade em crise.
Na peça estão presentes os interesses pessoais, o nepotismo, o bacharelismo, a corrupção, a vigarice dos projetos absurdos.
O tema central é, entretanto, é a instabilidade política, com interesses particulares se sobrepondo aos públicos; um retrato da ação política brasileira que parece ter sido traçado atualmente. Apesar do grande número de personagens, Caiu o Ministério é uma comédia, bem construída e absolutamente atual.
Prólogo
Um vendedor de bilhetes de loteria, 1º, 2º, 3º e 4º VENDEDORES DE JORNAIS, DOUTOR RAUL MONTEIRO e ERNESTO
VENDEDOR DE BILHETES — Quem quer os duzentos contos? Os duzentos contos do Ipiranga!
1º VENDEDOR DE JORNAIS — A Gazeta da Tarde, trazendo a queda do ministério, a lista da loteria, também trazendo a crônica parlamentar.
2º VENDEDOR — A Gazeta de Notícias. Traz a carta do doutor Seabra.
3º VENDEDOR — A Gazetinha.
4º VENDEDOR — A Espada de Dâmocles, trazendo o grande escândalo da Câmara dos Deputados, a história do ministério, o movimento do porto, e também trazendo o assassinato da rua do Senado.
3º VENDEDOR — A Gazetinha e o Cruzeiro.
RAUL MONTEIRO (Que deve estar parado à porta do Globo a ler os telegramas; voltando-se e vendo Ernesto, que sai do Castelões.) — Oh! Ernesto, como vais?
ERNESTO — Bem. E tu?
RAUL — Então? Nada ainda?
ERNESTO — Ouvi dizer agora mesmo no Bernardo que foi chamado para organizar o ministério o Faria Soares.
RAUL — Ora! Ora! O Soares partiu ontem com a família para Teresópolis.
ERNESTO — É verdade; porém disseram-me que ontem mesmo recebeu o telegrama e que desce hoje. Aí vem o Goularte.
RAUL — Homem, o Goularte deve estar bem informado.