A Harpa do Crente - Alexandre Herculano
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Sinopse
A obra, publicada em 1838, é onde se reúne os primeiros poemas de Alexandre Herculano. Foi em A Harpa do Crente que o chamado ultra-romântismo bebeu inspiração. Em 1850, se juntaram alguns poemas inéditos, dando lugar à obra de título Poesias.
Os temas desta obra são a guerra civil, o exílio, a liberdade, Deus e a morte, onde Alexandre Herculano descreve tudo isso de modo sóbrio e a um tempo vigoroso e de linguagem pura. As poesia da obra são profundamente mística.
Prólogo
Tíbio o sol entre as nuvens do ocidente,
Já lá se inclina ao mar. Grave e solene
Vai a hora da tarde! O oeste passa
Mudo nos troncos da alameda antiga,
Que à voz da Primavera os gomos brota:
O oeste passa mudo, e cruza o átrio
Pontiagudo do templo, edificado
Por mãos duras de avós, em monumento
De uma herança de fé que nos legaram,
A nós seus netos, homens de alto esforço,
Que nos rimos da herança, e que insultamos
A Cruz e o templo e a crença de outras eras;
Nós, homens fortes, servos de tiranos,
Que sabemos tão bem rojar seus ferros
Sem nos queixar, menosprezando a Pátria
E a liberdade, e o combater por ela.
Eu não! – eu rujo escravo; eu creio e espero
No Deus das almas generosas, puras,
E os déspotas maldigo. Entendimento
Bronco, lançado em século fundido
Na servidão de gozo ataviada,
Creio que Deus é Deus e os homens livres!