Uma Tragédia no Amazonas - Raul Pompéia
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Sinopse
Uma tragédia no Amazonas é uma historia envolvente que narra como o ódio e o desejo de vingança pode arruinar muitas vidas, e como uma pessoa pode ser odiada e amada ao mesmo tempo. O conto é cheio de detalhes faz a pessoa sentir o clima selvagem e hostil vivido por pessoas que vivem na região do Amazonas, onde a lei raramente chega, e onde as pessoas muitas vezes fazem suas próprias leis.
Com maestria o autor narra a historia de Eustáquio, sua esposa Branca, e a enteada Rosalina, que passaram a ser vitimas de perseguição, que incluíam tanto danos à propriedade da família, que ficava no vilarejo de São João do Príncipe no Amazonas, como tentativas de matar Branca e Rosalina; Curiosamente em duas tentativas contra as mulheres um misterioso protetor da cabo dos agressores, o que não acontece com um escravo e um soldado contratados para defender a casa do subdelegado.
Prólogo
Algumas léguas ao sul do Monte Puracê, emanam do solo as águas do Iapurá, que, de
campina em campina, de bosque em bosque, passam o Equador e entram no grande Império
americano, para aí, espumando, confundir-se com as ondas do soberano dos rios, o
Amazonas.
O viajor que subir a sua margem esquerda encontrará a modesta povoação de S. João do
Príncipe, e se continuar a subir, ver-se-á logo em uma espaçosa várzea matizada de
transparente verdura, que, de um lado, se estende a perder de vista, de outro, metamorfoseiase
em floresta, correndo por entre o Iapurá e montanhas tapetadas de um esverdeado
sombrio, que corcoveando qual monstruosos golfinhos vão ao longe desmaiar em azul o seu
colorido suave.
O povoado e essa extensa planície comunicam-se por uma estreita picada.
É um desses caminhos de poesia selvática que se insinuam sob as abóbadas do arvoredo,
parecendo destinados somente ao encanto do olhar.
A sua direita ostenta-se com toda a opulência, a mata virgem do Brasil, enredada de cipós
que descrevem as mais caprichosas curvas, entre os idosos troncos guirlandados de
parasitas, onde mil macaquinhos ligeiros soltam inquietos gritos, suspensos pela cauda, ou
voando de ramo em ramo.