As Pupilas do Senhor Reitor - Júlio Dinis
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Sinopse
As Pupilas do Senhor Reitor é um romance do escritor português Júlio Dinis.
O romance foi lançado ao público em formato de folhetim em 1863 e, posteriormente, editado e publicado como livro em 1867.
As Pupilas do Senhor Reitor foi um sucesso. Devido ao modo como foi produzido, o texto apresenta pouco apuro no estilo, com chavões, variedades, suspenses, distensões, revezadamente; claramente dirigido à classe popular, baseado em costumes rurais.
Ambientado na segunda metade do século XIX, em uma aldeia portuguesa, conta a história de Margarida e Clara e seus romances com os filhos do fazendeiro José das Dornas: Daniel e Pedro.
Prólogo
José das Dornas era um lavrador abastado, sadio e de uma tão feliz
disposição de gênio, que tudo levava a rir; mas desse rir natural, sincero e
despreocupado, que lhe fazia bem, e não do rir dos Demócritos de todos os tempos
— rir céptico, forçado, desconsolador, que é mil vezes pior do que o chorar.
Em negócio de lavoura, dava, como se costuma dizer, sota e ás ao mais
pintado. Até o Sr. Morais Soares teria que aprender com ele. Apesar dos seus
sessenta anos, desafiava em robustez e atividade qualquer rapaz de vinte. Era-lhe
familiar o canto matinal do galo, e o amanhecer já não tinha para ele segredos não
revelados. O sol encontrava-o sempre de pé, e em pé o deixava ao esconder-se.
Estas qualidades, juntas a uma longa experiência adquirida à custa de muito
sol e muita chuva em campo descoberto, faziam dele um lavrador consumado, o
que, diga-se a verdade, era confessado por todos, sem esforço de malquerenças e
murmurações. Diz-se que quem mais faz menos merece e que mais vale quem Deus
ajuda do que quem muito madruga, e não sei o que mais; será assim; mas desta vez
parecia que se desmentira o ditado, ou pelo menos que o fato das madrugadas não
excluíra o auxílio providencial, porque José das Dornas prosperava a olhos vistos.
Ali por fins de agosto era um tal de entrar de carros de milho pelas portas do
quinteiro dentro! S. Miguel mais farto poucos se gabavam de ter. Que abundância
por aquela casa! Ninguém era pobre com ele; louvado Deus!