Os Irmãos Leme - Paulo Setúbal
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Sinopse
A história deste livro, que é uma história verídica, completa a crônica: O Ouro
de Cuiabá.
Para restauração dela, que estava soterrada em muito calhamaço velho,
serviram ao autor de fontes:
Washington Luís, "História da Capitania de S. Paulo"; Pedro Taques,
"Nobiliarquia Paulistana", Rev. do Inst. Hist.; Documentos Interessantes —
"Correspondência de Rodrigo César de Menezes", vol. 20; "Bandos e Portaria de
Rodrigo César", vols. 12 e 13; "Correspondência e Papéis Avulsos de Rodrigo
César", vol. 32; "Cartas do Conde de Sarzedas ao Rei de Portugal", vol. 40;
"Correspondência do Conde de Sarzedas", vol. 41; Toledo Piza, "Comentários", Rev.
do Inst. Hist. S. Paulo; Azevedo Marques, "Apontamentos"; Barbosa de Sá,
"Crônicas de Cuiabá". S. Paulo, 1932.
Prólogo
As Filhas de João Cabral
Maruca, a filha de João Cabral, olhou para a irmã com espanto:
— Os Lemes?
— João Leme e Lourenço Leme, sim, senhora! Estiveram os dois na festa. E
dançaram o que deu a noite...
— Credo!
É tarde. Fora, na noite branquejada de luar, a fazendola de João Cabral
repousa, adormida. Dentro, à luz mortiça do candeeiro, conversam, baixinho, as
quatro filhas do sitiante. Comentam o acontecimento da véspera: a festa de São
João na chácara do Penteado. Fora a coisa mais ruidosa do ano. Há muito que se
não via nada igual. Quanta gente! Gente das vizinhanças, gente da vila, gente de
fora, gente de toda a parte. Maruca talvez fora, nas redondezas, o único vivente que
faltara à festa. Mas as irmãs lá estiveram. E foram, como de costume, as moças
mais requestadas da noite. As mais requestadas, sim. Ah, as filhas de João Cabral!
Quem não conhecia, léguas em derredor, as filhas do paulista? Que raparigas
guapas! Tinham fama de ser as morenas mais formosas de Itú. A beleza delas corria
mundo.