A Orgia dos Duendes - Bernardo Guimarães
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Sinopse
Este poema de Bernardo Guimarães surgiu publicado na coletânea intitulada Poesias, cuja primeira edição é de 1865.
Como se pode perceber, trata-se da descrição de um sabbat muito pouco ortodoxo, por se constituir numa paródia bem ao gosto dos modernos, o que permite entender o poeta como um precursor, pelo menos sob Este aspecto.
Os versos, Com métrica de nove sílabas, já bem anunciam a ruptura proposta pelo autor e fazem com que a metáfora estrutural que percorre o texto seja levada ao limite da eficiência no seu propósito de diluir a subjetividade e o sentimentalismo tipicamente românticos.
Ao longo do texto, o poeta reproduz uma cerimônia clássica de uma festa do sabbat, só que nos trópicos americanos, o que vale dizer: com a utilização de um indianismo gonçalvino ironizado e parodiado.
Na estrofe final, como que levando ao paroxismo sua intenção jocosa, a donzela romântica atravessa a natureza sem se dar conta do que ali se passou.
Prólogo
A ORGIA DOS DUENDES
Bernardo Guimarães
I
Meia-noite soou na floresta
No relógio de sino de pau;
E a velhinha, rainha da festa,
Se assentou sobre o grande jirau.
Lobisome apanhava os gravetos
E a fogueira no chão acendia,
Revirando os compridos espetos,
Para a ceia da grande folia.
Junto dele um vermelho diabo
Que saíra do antro das focas,
Pendurado num pau pelo rabo,
No borralho torrava pipocas.
Taturana, uma bruxa amarela,
Resmungando com ar carrancudo,
Se ocupava em frigir na panela
Um menino com tripas e tudo.