A Bela Madame Vargas - João do Rio
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Prólogo
O esplêndido terraço da vila de Mme. Vargas. Á direita, avançando sobre o terraço
entre grinaldas de rosas e trepadeiras floridas, a fachada da linda casa, com varanda e
escadaria. Para essa varanda dão a larga janela e a porta do salão de música. No fundo
balaustrada de mármore. Do terraço domina-se um maravilhoso panorama de florestas,
deslizando para a baía em baixo, ao fundo. Em baixo os jardins do palacete.
Entretanto, são cinco horas de um dia de inverno e há nesse terraço um chá ao ar livre.
As pequenas mesas já estão dispostas, com gosto e com muitas flores. Os criados dão os
últimos cuidados a organização geral. Ouve-se no salão de música risos, e pedaços de
uma cançoneta parisiense. Quando abre o pano estão em cena de casaca, a arrumar as
mesas Antônio e Braz.
Antônio - A idéia de tomarem chá no terraço c'est três bien.
Braz - Pois sim. Desde que te dêem ares e haja palavras estrangeiras, ficas satisfeito.
Eu é que não. Estou aqui, estou a deixar isto. Olha que é trabalho. Chá no salão, chá nos
quartos, chá no terraço, chá em toda a parte, chá a toda hora...
Antônio - É a civilização, rapaz...
Braz - Mas de dinheiro, nem cheta. Preferia menos chá e mais massa. Tu a olhar-me
com esses modos superiores. Não sou eu só. Na copa todos se queixam.
Antônio - Mas ficam?
Braz - A ver se recebem...