As Religiões no Rio - João do Rio
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Sinopse
As Religiões no Rio é um livro de autoria de Paulo Barreto, jornalista, cronista, tradutor e teatrólogo brasileiro, que usava o pseudônimo de 'João do Rio. A primeira edição é de 1904.
O livro foi pioneiro no Rio de Janeiro em pesquisa de campo sobre as religiões no Rio no começo do século XX na região depois denominada Pequena África. Foi considerado um livro polêmico, adorado por alguns e esconjurado por outros, por o considerarem irônico e preconceituoso. Novidade na época teve o maior sucesso de vendas, apesar de já estar em domínio público, por suas peculiaridades foi relançado no Rio de Janeiro pela Editora Nova Aguilar em 1976 e pela José Olympio Editora em 2006.
Serviu de base para todos os outros pesquisadores que escreveram sobre as religiões no Rio, foi citado por quase todos os autores que escreveram principalmente sobre as religiões afro-brasileiras com mais ênfase na macumba, umbanda e candomblé marcando com o estereótipo de feitiçaria, modelo para distorções e interpretações duvidosas dessas religiões até os dias atuais.
Prólogo
A religião? Um misterioso sentimento, misto de terror e de esperança, a simbolização
lúgubre ou alegre de um poder que não temos e almejamos ter, o desconhecido avassalador, o
equívoco, o medo, a perversidade.
O Rio, como todas as cidades nestes tempos de irreverência, tem em cada rua um templo e
em cada homem uma crença diversa.
Ao ler os grandes diários, imagina a gente que está num pais essencialmente católico, onde
alguns matemáticos são positivistas. Entretanto, a cidade pulula de religiões. Basta parar em
qualquer esquina, interrogar. A diversidade dos cultos espantar-vos-á. São swendeborgeanos,
pagãos literários, fisiólatras, defensores de dogmas exóticos, autores de reformas da Vida,
reveladores do Futuro, amantes do Diabo, bebedores de sangue, descendentes da rainha de
Sabá, judeus, cismáticos, espíritas, babalaôs de Lagos, mulheres que respeitam o oceano,
todos os cultos, todas as crenças, todas as forças do Susto. Quem através da calma do
semblante lhes adivinhará as tragédias da alma? Quem no seu andar tranqüilo de homens sem
paixões irá descobrir os reveladores de ritos novos, os mágicos, os nevrópatas, os delirantes, os
possuídos de Satanás, os mistagogos da Morte, do Mar e do Arco-Íris? Quem poderá perceber,
ao conversar com estas criaturas, a luta fratricida por causa da interpretação da Bíblia, a luta
que faz mil religiões à espera de Jesus, cuja reaparição está marcada para qualquer destes
dias, e à espera do Anti-Cristo, que talvez ande por aí? Quem imaginará cavalheiros distintos
em intimidade com as almas desencarnadas, quem desvendará a conversa com os anjos nas
chombergas fétidas?