Patkull - Antônio Gonçalves Dias
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Prólogo
CENA I
NAMRY ROMHOR senta a ao pé de uma mesa e BERTHA
NAMRY – Que horas são, Bertha?
BERTHA – Ainda há pouco anoiteceu, minha senhora.
NAMRY – Ainda há pouco! Pesado e triste corre agora o tempo, como um velho
enfermo e lento! (Pausa) Chove?
BERTHA – Não, minha senhora, não; neva somente. (Chegando-se à janela e
correndo pouco a cortina) Se quisésseis chegar a esta janela, veríeis que majestoso
espetáculo é prolongar os olhos por esta planície, que se estende a perder de vista, toda
prateada, e luzindo um pouco com a luz pálida e vacilante da lua... tão belo... que prazer
não é ver estes flocos de neve que vêm descendo sobre a terra e lento e lento ! quereis
vir, senhora?
NAMRY (Como falando consigo) – Houve tempo em que a vida também para
mim corria fagueira e leve. Minhas noites eram cheias de sonhos de inocência e de
ventura... Meus dias tranqüilos e felizes. – Nada mais desejava – ou brisa ou tempestade
sempre acharam meu coração venturoso e o prazer que se me ria nos lábios! E hoje?!...
Quem me dera ver-me longe deste céu tristonho – destas nuvens carregadas – desta
atmosfera de mau agouro.