Conto Alexandrino - Machado de Assis
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Prólogo
O quê, meu caro Stroibus! Não, impossível. Nunca jamais ninguém acreditará
que o sangue de rato, dado a beber a um homem, possa fazer do homem um ratoneiro.
— Em primeiro lugar, Pítias, tu omites uma condição: — é que o rato deve expirar
debaixo do escalpelo, para que o sangue traga o seu princípio. Essa condição é essencial.
Em segundo lugar, uma vez que me apontas o exemplo do rato, fica sabendo que já fiz com
ele uma experiência, e cheguei a produzir um ladrão...
— Ladrão autêntico?
— Levou-me o manto, ao cabo de trinta dias, mas deixou-me a maior alegria do
mundo: — a realidade da minha doutrina. Que perdi eu? um pouco de tecido grosso; e que
lucrou o universo? a verdade imortal. Sim, meu caro Pítias; esta é a eterna verdade. Os
elementos constitutivos do ratoneiro estão no sangue do rato, os do paciente no boi, os do
arrojado na águia...
— Os do sábio na coruja, interrompeu Pítias sorrindo.