Flor Anônima - Machado de Assis
Download no computador / eBook Reader / Mobile
84 kb
Prólogo
MANHÃ CLARA. A alma de Martinha é que acordou escura. Tinha ido na véspera a um
casamento; e, ao tornar para casa, com a tia que mora com ela, não podia encobrir a
tristeza que lhe dera a alegria dos outros e particularmente dos noivos.
Martinha ia nos seus... Nascera há muitos anos. Toda a gente que estava em casa,
quando ela nasceu, anunciou que seria a felicidade da família. O pai não cabia em si de
contente.
— Há de ser linda!
— Há de ser boa!
— Há de ser condessa!
— Há de ser rainha!
Essas e outras profecias iam ocorrendo aos parentes e amigos da casa.
Lá vão... Aqui pega a alma escura de Martinha. Lá vão quarenta e três anos — ou
quarenta e cinco, segundo a tia; Martinha, porém, afirma que são quarenta e três.
Adotemos este número. Para ti, moça de vinte anos, a diferença é nada; mas deixa-te ir
aos quarenta, nas mesmas circunstâncias que ela, e verás se não te cerceias uns dous
anos.