Novas Relíquias - Machado de Assis
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Prólogo
PREFÁCIO
Em 1906 publicou Machado de Assis as suas Relíquias de Casa
Velha, a que o carinho de Mario de Alencar deu por companheiras, em
1920, Outras relíquias, coleção póstuma, em prosa e verso, de
vários escritos do Mestre.
«Na mina do ouro, e na casa do ourives», dizia o clássico de
Francisco Manuel de Mello, «até as varreduras são de vinte e quatro
quilates». Assim pensando, foi que da opulenta oficina do mágico
joalheiro do verso e discreto ourives da prosa, — o immortal autor das
Falenas e de Braz Cubas, — recolhemos algumas aparas, enfeixando
neste volume vários dos seus trabalhos, que jaziam esquecidos e
dispersos.
São fantasias, artigos de crítica literária e dramática, um punhado
de versos ... Em tudo isso, porém, já nos aparece o prosador
escrupuloso, o espirito atilado, o poeta amável, e admiramos o
aticismo da frase, o sorriso do filósofo, e, sobre tudo, a excelencia do
critico, que, entremostrando falhas ou louvando meritos, estuda e
analisa livros e autores, sem vitupério azedo nem louvor excessivo,
aplaudindo com medida os consagrados, animando paternal os
estreantes. Para estes tem até conselhos de irmão mais velho, guiandoos
em suas tentativas literárias, ainda incertos e vacilantes.
As poesias, aqui recolhidas, são da primeira fase do poeta; mas,
ainda assim, não desmerecem a fama do cantor de Corina. Delatam
quasi todas o romantismo da epoca, e o proprio byronismo aí tem o
seu tributo na ode ao Cognac, que faz lembrar ao leitor o Charuto, de
Alvares de Azevedo.
Enfim, outras relíquias, mas relíquias de palácio opulento, que
todas têm cada uma o seu valor, a que o tempo imprime, ademais,
carinho e veneração.