Um Capitão de Voluntários - Machado de Assis
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Prólogo
Indo a embarcar para a Europa, logo depois da proclamação da República, Simão de
Castro fez inventário das cartas e apontamentos; rasgou tudo. Só lhe ficou a narração
que ides ler; entregou-a a um amigo para imprimi-la quando ele estivesse barra fora. O
amigo não cumpriu a recomendação por achar na história alguma cousa que podia ser
penosa, e assim lho disse em carta. Simão respondeu que estava por tudo o que
quisesse; não tendo vaidades literárias, pouco se lhe dava de vir ou não a público. Agora
que os dous faleceram, e não há igual escrúpulo, dá-se o manuscrito ao prelo. Éramos
dous, elas duas. Os dous íamos ali por visita, costume, desfastio, e finalmente por
amizade. Fiquei amigo do dono da casa, ele meu amigo. As tardes, sobre o jantar, --
jantava-se cedo em 1866, -- ia ali fumar um charuto. O sol ainda entrava pela janela,
onde se via um morro com casas em cima. A janela oposta dava para o mar. Não digo a
rua nem o bairro; a cidade posso dizer que era o Rio de Janeiro. Ocultarei o nome do
meu amigo, ponhamos uma letra, X... Ela, uma delas, chamava-se Maria.