Vênus! Divina Vênus! - Machado de Assis
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Prólogo
— VÊNUS! Vênus! divina Vênus!
E despegando os olhos da parede, onde estava uma cópia pequenina da Vênus de
Milo, Ricardo arremeteu contra o papel e arrancou de si dous versos para completar uma
quadra começada às sete horas da manhã. Eram sete e meia; a xícara de café, que a
mãe lhe trouxera antes de sair para a missa, estava intacta e fria sobre a mesa; a cama,
ainda desfeita, era uma pequena cama de ferro, a mesa em que escrevia era de pinho; a
um canto um par de sapatos, o chapéu pendente de um prego. Desarranjo e falta de
meios. O poeta, com os pés metidos em chinelas velhas, com a cabeça apoiada na mão
esquerda, ia escrevendo a poesia.