A Viuvinha - José de Alencar
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Sinopse
A Viuvinha é um romance de autoria de José de Alencar, escritor brasileiro, publicado em 1860 e atualmente esta obra encontra-se sob domínio público. A obra inclui-se entre os chamados romances urbanos, que retratam os costumes da sociedade carioca do Segundo Reinado.
O enredo conta a história de Carolina e Jorge, namorados em vias de se casarem. Na véspera do casamento, Jorge descobre que seu pai, falecido, deixara algumas dívidas e estava falido. Desonrado, Jorge casa-se com Carolina sem nada lhe contar, e na noite de núpcias desaparece para arrumar um jeito de conseguir dinheiro para resgatar as dívidas e sua honra, deixando Carolina pensando que ele havia se suicidado. Carolina mantém-se fiel ao marido que imagina morto, e passa a usar apenas roupas pretas. Por causa disso, começa a ser chamada de "viuvinha" no Rio de Janeiro. Após recuperar a honra perdida, Jorge volta cinco anos depois e discretamente aproxima-se de Carolina, visitando-a todos os dias no escuro da noite na janela do quarto dela, sem que ela perceba que é seu amado. Até que Jorge toma coragem e marca com Carolina um encontro ás 24:00. Carolina aparece, ainda não sabendo que o encontro marcado era com seu grande amor, pois pensava que era um novo homem apaixonado por ela. Jorge pergunta se ela o ama e ela diz que tem um amor eterno pelo marido falecido. Jorge a beija e eles entram para o quarto de Carolina. Na manhã seguinte Carolina é chamada pela mãe, respondendo que espera pelo marido. A mãe acreditando que a filha está a beira da loucura vê Jorge e desmaia.
Prólogo
Se passasse há dez anos pela praia da Glória, minha prima, antes que as
novas ruas que abriram tivessem dado um ar de cidade às lindas encostas do morro
de Santa Teresa, veria de longe sorrir-lhe entre o arvoredo, na quebrada da
montanha, uma casinha de quatro janelas com um pequeno jardim na frente.
Ao cair da tarde, havia de descobrir na última, das janelas o vulto gracioso de
uma menina que aí se conservava imóvel até seis horas, e que, retirando-se
ligeiramente, vinha pela portinha do jardim encontrar-se com um moço que subia a
ladeira e oferecer-lhe modestamente a fronte, onde ele pousava um beijo de amor
tão casto que parecia antes um beijo de pai.
Depois, com as mãos entrelaçadas, iam ambos sentar-se a um canto do
jardim, onde a sombra era mais espessa, e aí conversavam baixinho um tempo
esquecido; ouvia-se apenas o doce murmúrio das vozes, interrompidas por esses
momentos de silêncio em que a alma emudece, por não achar no vocábulo humano
outra linguagem que melhor a exprima.
O arrulhar destes dois corações virgens durava até oito horas da noite,
quando uma senhora de certa idade chegava a uma das janelas da casa, já então
iluminada, e, debruçando-se um pouco, dizia com a voz doce e afável.