O Sertanejo - José de Alencar
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Sinopse
O sertanejo é um dos romances (e uma história didaticamente regionalista) do escritor brasileiro José de Alencar. Foi publicado em 1875.
O romance apresenta uma prosa com personagens característicos do sertão brasileiro. A personagem-narrador é Severino, que ao longo do texto tenta se definir, mas com tudo o que fala não consegue, por isso Severino passa a ser como uma figura genérica, ou seja, passa a ser a característica do povo sofrido pelas difilculdades como a fome, sede e miséria, que predominam no nordeste brasileiro.
Prólogo
I – O comboio
Esta imensa campina, que se dilata por horizontes infindos, é o sertão de minha terra
natal.
Aí campeia o destemido vaqueiro cearense, que à unha de cavalo acossa o touro
indômito no cerrado mais espesso, e o derriba pela cauda com admirável destreza.
Aí, ao morrer do dia, reboa entre os mugidos das reses, a voz saudosa e plangente do
rapaz que abóia o gado para o recolher aos currais no tempo da ferra.
Quando te tomarei a ver, sertão da minha terra, que atravessei há muitos anos na
aurora serena e feliz da minha infância?
Quando tornarei a respirar tuas auras impregnadas de perfumes agrestes, nas quais o
homem comunga a seiva dessa natureza possante?
De dia em dia aquelas remotas regiões vão perdendo a primitiva rudeza, que tamanho
encanto lhes infundia.
A civilização que penetra pelo interior corta os campos de estradas, e semeia pelo
vastíssimo deserto as casas e mais tarde as povoações.
Não era assim no fim do século passado, quando apenas se encontravam de longe em
longe extensas fazendas, as quais ocupavam todo o espaço entre as raras freguesias espalhadas
pelo interior da província.