A Luneta Mágica - Joaquim Manuel de Macedo
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Sinopse
A Luneta Mágica é um romance cômico escrito por Joaquim Manuel de Macedo e publicado em 1869.
Simplício é um míope, quase cego, que tem desejo de enxergar. Um dia um conhecido o leva até Rei, que produz lentes muito poderosas, entretanto, de nada eles servem a Simplício. Rei decide levá-lo até seu "mestre", Armênio, que faz uma lente mágica muito poderosa, mas o avisa: se olhar para qualquer pessoa ou objeto por mais de três minutos, verá a visão do mal. Simplício aceita a lente, mas não dá tanta atenção ao aviso de Armênio.
Prólogo
Chamo-me Simplício e tenho condições naturais ainda mais tristes do que o meu nome.
Nasci sob a influência de uma estrela malígna, nasci marcado com o selo do infortúnio.
Sou míope; pior do que isso, duplamente míope míope física e moralmente.
Miopia física: — a duas polegadas de distância dos olhos não distingo um girassol de uma
violeta.
E por isso ando na cidade e não vejo as casas.
Miopia moral:—sou sempre escravo das idéias dos outros; porque nunca pude ajustar duas
idéias minhas.
E por isso quando vou às galerias da câmara temporária ou do senado, sou consecutiva e
decididamente do parecer de todos os oradores que falam pró e contra a matéria em discussão.
Se ao menos eu não tivesse consciência dessa minha miopia moral!... mas a convicção
profunda de infortúnio tão grande é a única luz que brilha sem nuvens no meu espírito
Disse-me um negociante meu amigo que por essa luz da consciência represento eu a antítese
de não poucos varões assinalados que não tem dez por cento de capital da inteligência que ostentam, e
com que negociam na praça das coisas publicas.
—Mas esses varões não quebram, negociando assim?... perguntei-lhe.
—Qual! são as coisas públicas que andam ou se mostram quebradas.