Ondas e Outros Poemas Esparsos - Euclides da Cunha
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Sinopse
Autor do clássico da literatura nacional Os Sertões, Euclides da Cunha também escreveu poesias, ensaios, crônicas e reportagens. Desbravador, consciência rebelde em conflito pela busca de exatidão entre ciência e arte, entre pesquisa e denúncia, Euclides da Cunha trouxe para o primeiro plano, para o centro de sua obra, o homem do sertão brasileiro. É o porta-voz de um otimismo crítico e sem veleidades ufanistas. No campo da poesia, além de outros poemas esparsos, produziu Ondas, escrito na juventude, e que ainda não havia sido publicado em volume autônomo. Esta edição de Ondas foi organizada e anotada pelo sociólogo e escritor Adelino Brandão, um dos maiores estudiosos da obra de Euclides da Cunha.
Prólogo
Rio de Janeiro - 1883
14 anos de idade
Observação fundamental para explicar a série de absurdos que há nestas páginas.
ONDAS
Correi, rolai, correi _ ondas sonoras
Que à luz primeira, dum futuro incerto,
Erguestes-vos assim _ trêmulas, canoras,
Sobre o meu peito, um pélago deserto!
Correi... rolai _ que, audaz, por entre a treva
Do desânimo atroz _ enorme e densa _
Minha alma um raio arroja e altiva eleva
Uma senda de luz que diz-se _ Crença!
Ide pois _ não importa que ilusória
Seja a esperança que em vós vejo fulgir...
_ Escalai o penhasco áspero da Glória...
Rolai, rolai _ às plagas do Porvir!
[1883]
EU QUERO
Eu quero à doce luz dos vespertinos pálidos
Lançar-me, apaixonado, entre as sombras das matas
_ Berços feitos de flor e de carvalhos cálidos
Onde a Poesia dorme, aos cantos das cascatas...
Eu quero aí viver _ o meu viver funéreo,
Eu quero aí chorar _ os tristes prantos meus...
E envolto o coração nas sombras do mistério,
Sentir minha alma erguer-se entre a floresta de Deus!