História da Literatura Brasileira - Sílvio Romero
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Sinopse
Ao fazer o “Retrospecto Literário” do ano de 1888, Sílvio Romero (1954) não é nada complacente com os escritores tupiniquins. Sua atenção, em seqüência, direciona-se à poesia, passa célere pela prosa, recusa-se a comentar o teatro do período e faz uma leitura daquela que será o nosso foco, e que para Romero tem sido o distrito mais animado de nossa literatura nos últimos tempos (p. 1772). Um grande destaque de Romero é a contradição entre uma poesia cujo lirismo produz uma imagem idealista de sociedade (parnasianismo e simbolismo) e uma prosa que estereotiparia negativamente uma sociedade (naturalismo-realismo). Para Romero, nenhum dos dois extremos diriam a verdade. Na poesia, as exceções, que produziam obras de qualidade, foram Luis Murat, Olavo Bilac, Guimarães Passos, Augusto de Lima, Medeiros e Albuquerque, já na prosa destacavam-se Aluisio Azevedo, O Homem, e Raul Pompéia, O Ateneu, e Domício da Gama. Em relação a uma poesia, cujo valor estava em uma volta ao puro lirismo quasi romântico (p.1764), e uma prosa, em que os autores escreviam romances naturalistas em passo ainda trôpego e estreante (p. 1767), a crítica estava tão animada que produzia intensamente, mesmo sem produção beletrista que fornecesse subsídios adequados, de acordo com Romero. Entre os críticos, destacavam-se Araripe Jr. e Tito Lívio de Castro, bem como o próprio Romero, entre outros, como Artur Orlando e Clovis Beviláqua.
Prólogo
As pátrias letras, entre outras muitas lacunas, mostram bem claramente a grande falha causada
pela ausência de trabalhos históricos. Se não existe uma história universal escrita por brasileiro, se a nossa
própria história política, social e econômica tem sido apenas esboçada e foi mister que estrangeiros no-la
ensinassem a escrever, no terreno da literatura propriamente dita a pobreza nacional ostenta-se ainda
maior.
O livro de Ferdinand Wolf, Le Brésil Littéraire (1863), tem sido, e continua a ser com razão, o
oráculo de todos na matéria; porque é único em seu gênero. O escritor austríaco foi o primeiro a fazer um
quadro mais ou menos inteiro de nossa literatura, quadro pálido e incorreto, é certo, mas que se impõe,
por estar no singular. E já lá vão bastantes anos que o livro foi publicado, e até bem pouco era o
compêndio oficial de nossos cursos!
Antes de Ferdinand Wolf ainda a estrangeiros coube a tarefa de traçar as primeiras notícias de
nossas letras.
Bouterwek, na História da Literatura Portuguesa (1804), Sismondi, nas Literaturas do meio-dia
da Europa (1819), e Ferdinand Denis, no Resumo da História da Literatura de Portugal (1825), foram os
primeiros que falaram de nossos poetas e escritores.1
Não é para surpreender, porque todos sabemos que foram eles os organizadores da história da
literatura portuguesa, da qual a nossa era considerada um apêndice. Depois é que Almeida Garrett
escreveu o seu Bosquejo da História da Poesia e da Língua Portuguesa (1826).2
A indigência brasileira não é, pois, mais do que um prolongamento do velho pauperismo
lusitano.