Gardenia - Salomão Rovedo
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Prólogo
Em tudo, em tudo, em tudo e em todos os cantos exala o cheiro peculiar de Gardênia. Até mesmo nos altares sagrados da natureza, na quebrada das ondas, nas areias das praias, mesmo na distância, mesmo nos mares, persiste o sentimento perene do odor. Aroma, perfume, fragrância, essência, olor, cabelos, lábios, olhos, nariz, seios, umbigo, em tudo, em tudo, em tudo exala o cheiro dela. Na distância, na dormência, na constância, até mesmo as coxas e sobre o sexo, nas nádegas e entre os vales, sobrevive a percepção eterna do seu frescor.
As luzes inexistentes, o cheiro de maresia, fingem demonstrar ao navegante que é um regaço tranqüilo. Uma baía formada pelas ondas traiçoeiras, mas acolhedoras do delta das coxas de Gardênia. O corpo de Gardênia reluzia à noite entre os lençóis verdes das ondas do mar. O som era o mar. O odor era a vasa. O ritmo de vai-e-vem eram as ondas que vinham cintilando parir espuma na areia. E enquanto as nuvens cinzentas sobrevoaram a praia, tudo era morno e gris. E nenhum dos dois sentiu vontade de saber do sol aparecer para tirá-los daquele calor.