Porca Elegia - Salomão Rovedo
Download no computador / eBook Reader / Mobile
198 kb
Prólogo
Estrela adivinhou mapas, fez profecias no Mundo não real:
só teve palavras de paz, de amor, quando por bem resolveu falar – falou!
Assim, vivendo em rompante santo, quase cansada de um mundo não seu,
forças abaladas, braços, corpos, pernas doloridas, sentidas, resolveu:
é tempo de pegar poeira, tomar rumo.
E assim foi e assim se fez: amou e deixou-nos Janaína
e amou de novo e de novo e se deixou.
Antes mesmo que alguém percebesse o que a Estrela pretendia o Destino se fez.
Muito antes mesmo que a gente dedicasse o merecido amor,
ciscou rápida como avião (supersônico), longe do Brasil, longe do seu céu,
longe dos amores e dos amados (decerto a evitar toda as toneladas de mágoa que iria deixar presente), soltou-se em cinzas sobre a terra santa indiana.
Ficou dito que as deusas só podem encantar nos lugares santos, nas terras dos deuses.
Logo na Índia de todos os deuses, abandonar terreno lugar e se fazer retornar
– puro estado de luz – para o seu cantinho, os mundos perto-distantes...
Entre marcas da paisagem fulgurante, a Estrela deixa caudal de cometa,
de bólide, calor de sol, mais sol, luar de luas, luas de esperanças plantadas
no futuro: Janaína, que ninguém ouse esquecer.