Dilema Mortal - J. D. Robb
Sinopse
Reva Ewing, uma ex-agente do Serviço Secreto norte-americano que agora trabalha como especialista em sistemas de segurança nas Indústrias Roarke, é a principal suspeita num caso de duplo homicídio. Afinal, tinha muitos motivos para matar o marido, o escultor mundialmente famoso Blair Bissel. Além de ele estar tendo um caso, sua amante era a melhor amiga de Reva. No entanto, chamada para investigar o caso, a tenente Eve Dallas acredita na inocência de Reva. Seus instintos lhe dizem que a cena do crime estava arrumada demais, lembrando um cenário, e as respostas pareciam muito óbvias. Quando investiga mais a fundo, descobre que, no exato instante em que uma faca de cozinha era enfiada entre as costelas das vítimas, a senha do estúdio do escultor morto estava sendo trocada e percebe que todos os dados de seu computador foram corrompidos e destruídos.
Prólogo
Prólogo
Assassinato era uma opção boa demais para ele.
A morte era o fim, até mesmo uma libertação. Ele iria para o inferno, disso ela não tinha dúvidas, e lá sofreria um tormento eterno. Desejava isso para ele... um dia. Por enquanto, porém, queria vê-lo sofrer de um modo que ela pudesse
apreciar.
Mentiroso, traidor, filho da mãe! Ela queria vê-lo lamentar, implorar, se humilhar e se arrastar pelo chão como o rato de esgoto que era. Queria vê-lo sangrar pelas orelhas, guinchar como uma mulher assustada. Queria dar um nó no seu pinto adúltero enquanto ele gritava pedindo a misericórdia que ela jamais concederia.
Queria socar impiedosamente o seu rosto lindo de mentiroso sem-vergonha, até transformá-lo num purê vermelho, uma massa disforme de sangue e ossos, cheia de pústulas.
Só então o canalha capado e sem rosto reconhecível poderia morrer. E seria uma morte lenta, sofrida e agonizante.
Ninguém, ninguém colocava chifres em Reva Ewing.
Ela precisou parar o carro no acostamento da ponte Queensboro por alguns minutos, até se acalmar o bastante para continuar a dirigir sem perigo. Porque alguém tinha colocado chifres em Reva Ewing. O homem que ela amava, o homem com quem se casara, o homem em quem acreditava piamente e que estava, naquele exato momento, transando com outra mulher.
Tocando outra mulher, saboreando-a, usando aquela boca hábil e sensual de traidor, empregando as mãos ágeis e ousadas para levar outra mulher à loucura.
E não era qualquer mulher, não. Era uma amiga. Alguém de quem Reva gostava, uma mulher em quem ela acreditava e com quem podia contar em todas as horas.
Aquilo não era simplesmente algo enfurecedor. Não era apenas doloroso ver seu marido e sua amiga tendo um caso bem debaixo do seu nariz de esposa desatenta. Era embaraçoso se sentir um clichê. A esposa traída, a idiota inocente que aceitava e acreditava no marido traidor todas as vezes em que ele dizia que tinha precisado trabalhar até mais tarde, ou tinha um jantar de negócios com um cliente, ou precisava viajar para fora da cidade às pressas para garantir um contrato ou entregar uma comissão em mãos.
O pior, refletia Reva, enquanto o tráfego ficava mais pesado ao redor do seu carro, era ela, logo ela, ter sido enganada com tanta facilidade. Afinal, era uma especialista em segurança. Tinha trabalhado cinco anos no Serviço Secreto norte-americano e servira de guarda-costas para uma presidente dos Estados Unidos antes de se transferir para o setor privado. Onde estavam seus instintos, seus olhos, seus ouvidos?
Como Blair havia tido coragem de voltar para casa, para ela, noite após noite, recém-saído da cama de outra mulher, sem ela ter percebido?