O Último dia de um Poeta - Machado de Assis
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Prólogo
São nove horas da manhã.
Entra-me o sol vivo e ardente pelas frestas das venezianas. Parece que me convida a
deixar o leito, e como que a reviver. Reviver! é esta a palavra: reviver quando estou certo
de que poucos dias ou apenas horas me separam da sepultura. Não parece um escárnio
da morte? Não parece que para melhor sentir o que vou perder, deixando a vida, quer a
morte que eu toque pela última vez os tesouros da felicidade que me ficam na terra?
Melhor fora, decerto, para minha perfeita contrição, que a natureza me surgisse nos
últimos dias com o seu aspecto mais sombrio e aflitivo. Então cuidaria, ao sair do mundo,
que deixava um pesadelo e uma angústia, e que ia respirar os ares puros de uma vida
sem igual.
Depois...