Luzia-Homem - Domingos Olímpio
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Sinopse
Luzia-Homem é um romance do escritor brasileiro Domingos Olímpio, publicado em 1903.
Luzia-Homem é um exemplo do naturalismo regionalista. Passado no interior do Ceará, nos fins de 1878, durante uma grande seca, vai contando a história da retirante Luzia, mulher arredia, de grande força física (o apelido Luzia-Homem provém desta força que lhe permitia trabalhar melhor que homens fortes).
Marcado pela fala característica dos personagens, Luzia-Homem mantém duas características clássicas do naturalismo por toda obra: o cientificismo na linguagem do narrador; e o determinismo, teoria de que o homem é definido pelo meio.
Luzia trabalha na construção de uma prisão e é desejada pelo soldado Capriúna. Mas Luzia não se interessa por amores e mantém uma relação de amizade e ajuda mútua com Alexandre. Após Alexandre propor-lhe casamento (existe por toda a história a relutância de Luzia de admitir que gosta de Alexandre), este é preso por roubar o armazém do qual era guarda. Luzia passa visitar-lhe na prisão e sua amiga, a alegre Teresinha, para cuidar de sua mãe doente. Após um certo tempo, Luzia pára de visitar Capriúna na prisão.
Ao fim, Teresinha descobre que Capriúna era o verdadeiro ladrão e uma das assistentes de Luzia (ela havia sido dispensada e depois voltara ao trabalho, mas como costureira) lhe falar que a testemunha contra Alexandre mentia, o culpado é preso. A família de Teresinha aparece (ela havia fugido de casa com um amante que morreu meses depois) e ela, humilhada fica subserviente a eles, especialmente ao pai que a rejeita. Luzia descobre isto e, depois de um interlúdio, convence-a a viajar com ela, migrando para o litoral. No caminho Capriúna se liberta e vai ataca Teresinha, a culpada de sua prisão. Encontrando Luzia, mata-a e acaba caindo de um desfiladeiro.
Prólogo
O morro do curral do Açougue emergia em suave declive da campina ondulada. Escorchado, indigente de arvoredo, o cômoro enegrecido pelo sangue de reses sem conto, deixara de ser o sítio sinistro do matadouro e a pousada predileta de bandos de urubutingas e camirangas vorazes.
Bateram-se os vastos currais, de grossos esteios de aroeira, fincados a pique, rijos como barras de ferro, currais seculares, obra ciclópica, da qual restava apenas, como lúgubre vestígio, o moirão ligeiramente inclinado, adelgaçado no centro, polido pelo contínuo atrito das cordas de laçar as vítimas, que a ele eram arrastadas aos empuxões, bufando, resistindo, ou entregando, resignadas e mansas, o pescoço à faca do magarefe. Ali, no sítio de morte, fervilhavam, então, em ruidosa diligência, legiões de operários construindo a penitenciária de Sobral.