Entrei para o Clube Jácome - França Junior
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Prólogo
Dorotéia – Digo-te que aquela criatura está doida.
Chiquinha (Sentada num sofá, bordando num bastidor) – Aquilo é uma mania, como qualquer outra, que há de passar, mamãe.
Dorotéia – Minha filha, teu pai vai caminho do Hospício de Pedro II, conheço muitos que estão lá por menos. Aquele Clube Jácome! Aquele Clube Jácome! Tu ainda hás de ver se eu minto. De noite, de dia, acordado ou dormindo, ele não pensa senão em cavalos; é a sua idéia fixa! Uma noite dessas estava eu dormindo, eis que acordo sobressaltada com um peso enorme na boca do estômago: abro os olhos e vejo teu pai como um possesso, de cabelos arrepiados...up, up, up....e zás, mete-me tamanha vergalhada no pescoço que ainda hoje sinto as dores. Pois se a criatura sonhava que estava saltando barreiras em São Cristóvão! Teu pai, Chiquinha, acaba por ficar um cavalo!
Chiquinha – Ora mamãe, antes isto do que ir prestar-se ao desfrute no Alcazar, como fazem muitos, mais velhos até do que ele. (Mostrando o bordado) Veja, não está chique?
Dorotéia – Cá está o tema predileto. Cavalos até nas chinelas!
Chiquinha – É para o dia dos seus anos. (À parte) Ai, ai, o que eu sinto é que Ernesto não pertença ainda ao Clube Jácome.