Desejo Sombrio - Christine Feehan
Sinopse
O estranho conduziu-a silenciosamente através de continentes, através de mares. Ele sussurrava o seu eterno tormento, a sua fome sem fim… de escuridão, de desejos perigosos… E de algum modo, a cirurgiã Shea O Halloran podia sentir a sua angústia e a sua terrível solidão, e ela queria cura-lo.. curar-se a si própria.
Atraída pelas longínquas montanhas dos Cárpatos, Shea descobriu um homem torturado, enraivecido, um homem como nenhum outro. E a sua alma estremeceu. Pois nos seus olhos enlouquecidos e no seu coração gelado ela reconheceu o terno estranho que se havia tornado parte de si. Este macho carpatiano seduziu Shea para o seu lado. Mas seria ela a sua médica… ou a sua presa? A sua vitima… ou a sua alma gémea? Estava ele a leva-la à loucura… ou o seu desejo sombrio a preencheria por completo?
Prólogo
Havia sangue que emanava de seu interior. Havia dor, muita dor no que se achava imerso. Não terminaria nunca? Milhares de cortes, queimaduras e o constante som de uma risada que troçava dele, lhe dizendo que aquilo continuaria por toda a eternidade. Não podia acreditar que estivesse tão indefeso. Não podia acreditar que sua incrível força e seu magnífico poder se esgotaram, deixando-o reduzido a esse miserável estado. Enviou uma chamada mental atrás de outra de noite, mas nenhum de seus companheiros veio lhe ajudar. A agonia continuava, implacável. Onde estavam? Sua família? Seus amigos? Por que não vinham e acabavam com isto? Seria uma conspiração? Tinham-no deixado deliberadamente em mãos destes açougueiros que usavam suas facas e tochas com tal deleite? Alguém conhecido havia lhe traído, mas sua memória estava curiosamente debilitada, apagando-se devido a interminável dor.
Seus torturadores tinham conseguido lhe apanhar de tal jeito, imobilizando-lhe de tal modo que podia se sentir mas não se mover, nem as cordas vocais. Estava totalmente indefeso e vulnerável ante esses desprezíveis humanos que estavam destroçando seu corpo. Ouvia suas brincadeiras, suas intermináveis perguntas, percebia a raiva em seu interior quando se negava a reconhecer sua presença ou o mal que o inflingian. Queria morrer. Dar-se a bem-vinda escuridão, mas seus olhos, frios como o gelo, nunca se separavam de seus rostos, nunca piscavam, eram os olhos de um depredador... Esperando, vigiando, prometendo vingança. Isso lhes enfurecia, mas se negavam a lhe administrar o golpe final.
O tempo já não significava nada para ele, seu mundo reduziu-se a um nada, mas em certo momento percebeu outra presença em sua mente. O contato era longínquo, uma mulher jovem. Não sabia como, inadvertidamente, sua mente tinha conectado com a sua, de maneira que agora ela compartilhava sua tortura, cada abrasadora queimadura, cada corte da faca que deixava correr seu sangue, sua força vital.
Tratou de recordar quem podia ser ela. Devia estar perto, se compartilhava sua mente. Estava tão indefesa como ele, suportando sua mesma dor, compartilhando sua agonia. Tratou de evitar que se conectasse com ele. A necessidade de protegê-la era muito forte, mas estava muito fraco para bloquear seus pensamentos. A dor emanava de seu corpo, como uma corrente, navegando diretamente até a mulher que compartilhava sua mente.
Sua angústia lhe golpeou com uma força incrível. Ele era, depois de tudo, um homem dos Cárpatos. Sua primeira obrigação era sempre proteger a mulher, ainda com risco de sua própria vida. Falhar nisso também se acrescentava a seu desespero e à sensação de fracasso. Captou breves imagens na mente, uma figura pequena e frágil, presa a uma esfera de dor, tratando desesperadamente de apegar-se à prudência.
Não acreditava conhecê-la, embora a via em cores, algo que não lhe tinha ocorrido em séculos. Não tinha forças suficientes para obrigá-la a dormir, nem assim mesmo, não havia nada que lhes liberasse daquela agonia.