As Primaveras - Casimiro de Abreu
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Sinopse
As Primaveras, único livro de poesias escrito por Casimiro de Abreu, foi lançado em 7 de Setembro de 1859, com ajuda financeira do pai, embora este fosse avesso às tendências literárias do filho. O sucesso varreu o país como vendaval, sendo aclamado por alguns e criticado por outros, mas até hoje é o símbolo poético da Saudade.
Trata-se de uma coleção de poesias melancólicas e sentimentais pela maior parte, em que há uma grande simplicidade na forma se alia um sentimento apaixonado e veemente.
Casimiro viveu pouco a temporada de glória, porque os sintomas da Tuberculose se agravaram falecendo em 18 de outubro do ano seguinte, com apenas 21 anos.
Prólogo
Um dia – além dos Órgãos, na poética Friburgo – isolado dos meus companheiros de estudo, tive saudades da casa paterna e chorei.
Era de tarde; o crepúsculo descia sobre a crista das montanhas e a natureza como que se recolhia para entoar o cântico da noite; as sombras estendiam-se pelo leito dos vales e o silêncio tornava mais solene a voz melancólica do cair das cachoeiras. Era a hora da merenda em nossa casa e pareceu-me ouvir o eco das risadas infantis de minha mana pequena! As lágrimas correram e fiz os primeiros versos da minha vida, que intitulei – Às Ave-Marias: – a saudade havia sido a minha primeira musa.
Era um canto simples e natural como o dos passarinhos, e para possuí-lo hoje eu dera em troca este volume inútil, que nem conserva ao menos o sabor virginal daqueles prelúdios!
Depois, mais tarde, nas ribas pitorescas do Douro ou nas várzeas do Tejo, tive saudades do meu ninho das florestas e cantei; a nostalgia me apagava a vida e as veigas visonhas do Minho não tinham a beleza majestosa dos sertões.