D. Benedita - Machado de Assis
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Sinopse
Machado de Assis, retrata D. Benedita com uma idade indefinida entre os trinta e poucos anos e os quarenta anos,casada e com dois filhos, de "feições graves e juvenilmente graciosas";uma boa pessoa .O marido , desembargador , vive no Pará a serviço da província.Ela é retratada como a veleidade em pessoa., o que é mostrada por sua atitudes . Ora se mostra afável com D. Maria dos Anjos, mãe de um pretenso de sua filha, ora a trata com indiferença extrema que chega as raias da frieza; passa vida prometendo ir ao encontro do marido , mas há sempre um pretexto para não ir;escrever uma carta para ele, então é um dilema - fica adiando e quando percebe já se passaram dias.E quando esta ,noticia que vai fazer algo, os amigos, já não se espantam com nada, pois a conhecem mais do que ela a si própria.Promete ir novamente ao encontro do marido-vai até a estação comprar as passagens, mas no último momento desiste e termina por não ir.Quando a filha, astutamente, lhe apresenta e começa a se relacionar com um rapaz da família Andrade, cai logo de amores por ele e considerando um bom partido, aprova o casamento da filha, mas logo em seguida passa ver lhe de outro modo.A filha vai embora para outra província em função da transferência do marido. Esta fica só com o filho. O marido morre sem vê-la pela última vez. Poucos meses depois da viuvez, um comerciante se interessa por ela, pede-a em casamento- mas outro dilema: casa ou não casa, lá está ela metida em sua indecisão. Uma noite, ao matutar consigo mesma, recebe uma visita que a deixa estarrecida: a veleidade em pessoa viera visitá-la.
Prólogo
A coisa mais árdua do mundo, depois do ofício de governar, seria dizer a idade exata de D.
Benedita. Uns davam-lhe quarenta anos, outros quarenta e cinco, alguns trinta e seis. Um
corretor de fundos descia aos vinte e nove; mas esta opinião, eivada de intenções ocultas,
carecia daquele cunho de sinceridade que todos gostamos de achar nos conceitos humanos.
Nem eu a cito, senão para dizer, desde logo, que D. Benedita foi sempre um padrão de bons
costumes. A astúcia do corretor não fez mais do que indigná-la, embora momentaneamente;
digo momentaneamente. Quanto às outras conjeturas, oscilando entre os trinta e seis e os
quarenta e cinco, não desdiziam das feições de D. Benedita, que eram maduramente graves
e juvenilmente graciosas. Mas, se alguma coisa admira é que houvesse suposições neste
negócio, quando bastava interrogá-la para saber a verdade verdadeira.
D. Benedita fez quarenta e dois anos no domingo, dezenove de setembro de 1869. São seis
horas da tarde; a mesa da família está ladeada de parentes e amigos, em número de vinte ou
vinte e cinco pessoas. Muitas dessas estiveram no jantar de 1868, no de 1867 e no de 1866,
e ouviram sempre aludir francamente à idade da dona da casa. Além disso, vêem-se ali, à
mesa, uma moça e um rapaz, seus filhos; este é, decerto, no tamanho e nas maneiras, um
tanto menino; mas a moça, Eulália, contando dezoito anos, parece ter vinte e um, tal é a
severidade dos modos e das feições.