Folha Rota - Machado de Assis
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Prólogo
Tinham dado ave-marias; a srª D. Ana Custódia saiu para ir levar umas costuras à loja
que era na Rua do Hospício. Pegou das costuras, entrouxou-as, pôs um xale às costas,
um rosário ao pescoço, deu cinco ou seis ordens à sobrinha e caminhou para a porta.
— Venha quem vier, não abras, disse ela com a mão no ferrolho; já sabes o costume.
— Sim, titia.
— Não me demoro nada.
— Venha cedo.
— Venho, que a chuva pode cair. O céu está preto.
— Oh! titia, se roncar trovoada!
— Reza; mas eu volto já.
D. Ana persignou-se e saiu.
A sobrinha fechou a rótula, acendeu uma vela e foi sentar-se a uma mesa de costura.
Luísa Marques tinha dezoito anos. Não era um prodígio de beleza, mas não era feia; pelo
contrário, as feições eram regulares, as maneiras gentis.