Uma Carta - Machado de Assis
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Prólogo
Celestina acabando de almoçar, voltou à alcova, e, indo casualmente à cesta de costura,
achou uma cartinha de papel bordado. Não tinha sobrescrito, mas estava aberta.
Celestina, depois de hesitar um pouco, desdobrou-a e leu:
Meu anjo adorado,
Perdoe-me esta audácia, mas não posso mais resistir ao desejo de lhe abrir o meu
coração e dizer que a adoro com todas as forças da minha alma. Mais de uma vez tenho
passado pela rua, sem que a senhora me dê a esmola de um olhar, e há muito tempo que
suspiro por lhe dizer isto e pedir-lhe que me faça o ente mais feliz do mundo. Se não me
ama, como eu a amo, creia que morrerei de desgosto. Os seus olhos lindos como as
estrelas do céu são para mim as luzes da existência, e os seus lábios, semelhantes às
pétalas da rosa, têm toda a frescura de um jardim de Deus...