Onze anos Depois - Machado de Assis
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Prólogo
— Alves!
— Moreira!
Soltados estes dois gritos, os dois indivíduos, a quem pertenciam aqueles nomes,
trocaram um formidável abraço, com palmadas nas costas, a despeito de se passar a
cena na Rua do Ouvidor, às duas horas da tarde. Abraçados e palmejados os dois amigos
(eram evidentemente amigos) tornaram a exclamar:
— Ora o Alves!
— Ora o Moreira!
— Há dez anos... Dez ou onze? Onze, creio eu, onze anos que nos não víamos... Foi em
1860 que eu saí daqui... e fui...
— Gozar a vida, maganão!
— Oh! um pouco! disse Moreira suspirando... Posso dizer que nada.
— Impossível!
— É a pura verdade. Alguma coisa me diverti, é certo; nem é possível que um homem, a
não ser um misantropo, deixe de se divertir na Europa... Mas se soubesses a causa que
me levou daqui...
— Que foi?
— Saberás depois. Por agora, dize-me: estás casado?
— Há cinco anos.
— Tens algum filho?
— Não.